Algumas mulheres tem medo de se identificar quando se trata desses casos, o medo do agressor é maior, e não apenas as vítimas tem medo, mas os seus familiares e amigos também. Nesse depoimento vamos ouvir a história da Aurora, que viu a violência acontecendo de perto com uma amiga. A entrevistada atualmente não mora no Brasil, tem 24 anos e é estudante.
- Como foi lidar com os traumas deixados por essas agressões?
- Até hoje minha amiga sofre consequências psicológicas dessas agressões, mesmo com o meu apoio e de outras pessoas próximas, ela se sente insegura com a própria imagem, tem problemas de confiança. As cicatrizes com certeza demorarão muitos anos para serem curadas, e sempre com apoio psicológico.
- Você pode contar um pouco como foi?
- Ela namorou um garoto manipulador e obsessivo. Em qualquer situação em que ele era desafiado ou que não saía como ele esperava, ele abusava psicologicamente dela, sempre jogando com emoções, gritava e perdia o controle. Em uma ou duas situações foi agressivo fisicamente, jogando objetos como uma cadeira em sua direção. Depois desses momentos de agressividade chorava muito, pedia desculpa, porém sempre culpando-a. Depois do término eles conversaram e dormiram juntos, e nessa noite ela acordou com ele a violando. Ela, sem saber o que fazer, só pediu para que ele não ejaculasse dentro dela, e ele o fez. Dias depois descobrimos que ele contou aos amigos por o que tinha feito com ela, sempre a xingando e dizendo que poderia fazer qualquer coisa que ele quisesse com ela. Minha amiga já era tratada psicológica/psiquiatricamente por outros motivos, e continuou com os tratamentos depois do acontecimento, mas nunca houve denúncia.
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